segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal!


Queridos amigos, que este Natal traga muita paz aos nossos corações, 
que possamos sorrir entre os nossos amados, 
que a luz a brilhar seja muito mais do que aquelas do pinheirinho, 
que os nossos sonhos sejam o esboço dos nossos projetos, 
que os presentes não sejam apenas aqueles nos pacotes, mas os sentimentos mais profundos da alma de cada um, 
que possamos ser gratos por tudo o que temos e por tudo o que não precisamos ter, 
que possamos compartilhar um pouco do que nos é farto, seja o pão de nossas mesas, seja o amor de nossos espíritos,
que possamos reconhecer os motivos para comemorarmos e esquecer aquilo que nos causa dor.
Um Feliz e Iluminado Natal a todos os meus amigos queridos!

domingo, 23 de dezembro de 2012

A tradução das mães - a verdade sobre o que as mães falam

Não precisa mais chorar, meu anjinho! Já passou! Está tudo bem! = Fica quieta que eu não aguento mais essa choradeira!

Come toda a tua comida, para ficares bem forte e saudável. = Eu passei horas cozinhando a tua comida favorita e agora tu não vais comer?


Leva um casaquinho, pode ser que esfrie. = Tu não me aparece gripada que eu não estou com paciência para passar a noite em claro por causa da tua tosse.


Não queres comer o bolo? Não tem problema, meu amor. = Oba! Sobra mais pra mim!


Crianças, aproveitem o dia de sol e vão brincar lá fora. = Deixem a casa em ordem, que estou aproveitando o dia de sol para fazer uma faxina.


Está chovendo, não vai para a rua para não ficares doente. = Está o maior lodaçal lá fora. Tu não embarra os pés para depois sujares a casa toda!


Não toma muito refrigerante que não faz bem para a saúde. = Já viu o preço da Coca-Cola?


Que lindo seu desenho, filhinha! = E agora? Como é que eu vou tirar essa mancha de caneta do sofá branco?


Recolhe todas os teus brinquedinhos depois de brincares, tá bom? = Por que diabos eu resolvi comprar essa Polly, com todos esses vestidinhos, sapatinhos e acessórios?????


Uma criança preenche a vida da gente! = Não tenho um minuto de sossego!


Aprendo todos os dias com os meus filhos. = Mãe!!!! Agora eu te entendo!!!!


Eu te amo, meu anjo! = Eu te amo, meu anjo!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Já acabou?


Fim do mundo é uma criança de 2 anos ser estraçalhada pelo pit bull da família.
Fim do mundo são os péssimos motoristas, que dirigem de forma imprudente, negligente, matando sem pudor.
Fim do mundo é o lixo jogado nas ruas (por quem mesmo? hein?).
Fim do mundo é votar mal. Políticos corruptos não aparecem do nada. Eles são eleitos por alguém.
Fim do mundo é dar liberdade ilimitada aos filhos, nunca dizer não, e criar verdadeiros déspotas para o futuro.
Fim do mundo é aceitar de cabeça baixa a violência que está instalada por aí, não tomar atitudes pró-ativas para acabar com ela, como não comprar drogas por exemplo (sim, usuário é criminoso e tem que ser punido, porque quem favorece o crime é cúmplice).
Fim do mundo é comer mal, não fazer exercícios, fumar, beber e depois achar que o SUS, sobrecarregado, deveria atender melhor.
Fim do mundo é a gente aqui, de braços cruzados (tá bom, vá lá, com as mãos no teclado), esperando que alguma coisa mude milagrosamente, ao invés de tomarmos as atitudes necessárias.
E aí? Já se deu conta de quem está acabando com o mundo?

domingo, 9 de dezembro de 2012

Jesus e o Papai Noel se encontram


Peça natalina escrita para encenação do grupo de pais da Associação Espírita Dom Feliciano para as crianças da evangelização, na festa de encerramento das atividades anuais e comemoração do Natal, em 08/12/12.

PRIMEIRA PARTE:
JESUS - Bom dia, Papai Noel!
PAPAI NOEL - Bom dia, Jesus... Não, na verdade não está nada bom...
JESUS - O que está havendo, irmão? Por que esta tristeza?
PAPAI NOEL - Você já deu uma passadinha nas lojas? Estão decoradas para o Natal desde a passagem do Dia das Crianças! É um absurdo!
JESUS - Calma Papai Noel, não é preciso tanta amargura. Vamos conversar um pouco...
PAPAI NOEL - É esse consumismo! As pessoas só estão querendo comprar e ganhar presentes. Poucos lembram que é o teu aniversário. Poucos se lembram de ajudar a um necessitado. Só querem lucros, presentes, festas, brilhos!
JESUS – Amigo Noel, você é um amigo importante, que Meu Pai, Deus, colocou ao meu lado para lembrar aos homens que eles devem ser bons. Vamos tentar ver o lado bom das coisas. Se os enfeites são postos mais cedo, é uma oportunidade das pessoas lembrarem antes que o Natal está se aproximando.
PAPAI NOEL - Que lado bom, Jesus? As pessoas só me vêem para entregar presentes. Eu nunca quis ser o personagem principal dessa festa, que é sua! O seu aniversário! Onde já se viu o animador da festa ser mais importante que o aniversariante? Avisa aí que o Papai Noel está chateado! Estou desistindo deste trabalho!
Papai Noel se afasta um pouco, senta em um canto, chorando, muito triste, com o saco de presentes vazio nas mãos.
(Narrador) JESUS fica pensando:
JESUS: Pobre Noel! Seu desejo sempre foi o bem. Preciso fazer alguma coisa. Ele é um símbolo importante do Natal. Principalmente, para lembrar as pessoas que não são cristãs que esta é uma época de amor, alegria, esperança e caridade. Preciso de todos os aliados possíveis na divulgação do bem. Não posso perdê-lo!
(Narradora) Então JESUS faz uma prece... 
JESUS: “Pai Amado se for a tua vontade, envia aqui todos os companheiros que estiveram presentes no meu nascimento, humanos e animais, para testemunharem como foi aquela noite e lembrarem, ao meu amigo, a importância desta data para que ele não abandone sua missão”.

SEGUNDA PARTE:
Entram em cena José, Maria, os reis magos, o pastor, a ovelha, a vaca, o burro e o anjo e se colocam em torno de Jesus, reconstruindo o presépio. Cada um dá o seu testemunho:
MARIA - Meu amado filho, lembro como se fosse ontem... Tu, tão pequenino, nos meus braços. Como para qualquer mãe, foi o dia mais feliz da minha vida! Mas havia algo mais, havia uma luz, uma mensagem de esperança. E eu compreendi que tu vieste uma criança como as outras, para mostrar que as crianças têm o futuro pela frente e podem transformar o mundo!
JOSÉ - Sim, eras uma criança como todas as outras, pequeno e frágil. Mas te fizeste forte para suportar nossa vida, tão dura e simples, como tantas crianças que precisam trabalhar desde muito cedo para ajudar seus pais no sustento do lar. Há várias maneiras das crianças colaborarem com seus pais dentro de seus lares!
BURRO - Usam meu nome para xingar as pessoas. Mas de bobo eu não tenho nada! Quando te vi, naquela manjedoura, também compreendi que eras uma criança que irias inspirar todas as outras!
VACA - E eu acostumada a dar o meu leite para alimentar os humanos... Sabia que aquela criança alimentaria a alma de toda a humanidade!
PASTOR - Fui avisado pelo anjo que o salvador havia nascido. Quando vi o senhor tão pequeno na manjedoura, quase não acreditei que seria capaz de salvar alguma coisa! Como uma criancinha poderia ser o salvador? Mas era verdade! A sua mensagem salvou nossos corações!
OVELHA - E mostrou a todas as crianças que devem amar tudo o que é vivo, homens, animais, enfim, toda a natureza!
REI MELCHIOR - Viemos de tão longe para te trazer presentes, mas, os presenteados fomos nós!
REI BALTAZAR - Trouxemos ouro, incenso e mirra, mas nada disso tinha o valor daquilo que o menino iria nos ensinar!
REI GASPAR - Somos reis, reis magos! Mas toda a nossa nobreza não chegava aos pés da força daquela criança! A força do amor e da caridade!
ANJO - Mestre Jesus, o que queres que eu faça por ti?
JESUS - Meu amigo, quero que vá até aquelas crianças (e aponta as crianças que estão na sala) e peça a elas que doem todo o seu amor, todo o seu carinho, e ajudem o nosso amigo Noel a voltar a acreditar na humanidade. Precisamos dele como um símbolo de esperança para as crianças que ainda não me conhecem. Pergunte a elas se não gostariam de ajudar o Papai Noel a levar felicidade para outras crianças.
ANJO (pega o saco vazio das mãos do Papai Noel e dirige-se às crianças): - E então, queridas crianças? Vamos ajudar o Papai Noel a cumprir sua importante missão? Que tal cada um doar um presente a uma criança que nada ou tão pouquinho tem? Vamos ajudar?
anjo arrecada os brinquedos, colocando todos no saco de presentes Papai Noel. Entrega o saco para Jesus, sorrindo: - Aqui está!
JESUS (dirige-se para o Papai Noel e lhe entrega o saco de presentes): - Amigo Noel, a chave de tudo está nas crianças!

Os dois se abraçam. Fim. 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

É o fim do mundo!


Dizem que o mundo vai acabar em 21 de dezembro do corrente. Tudo por conta dos maias, que faziam um calendário que vai somente até esta data.
Bom, eu escrevi um diário até o dia 04 de janeiro de 1992. Então como eu não quis mais escrever, o mundo acabou neste dia. O mundo acabou também quando o Pasquim deixou de ser escrito. O verdadeiro apocalipse aconteceu quando acabaram de ser escritos os capítulos da interminável novela Redenção.
O calendário dos maias vai somente até 21/12/2012, mas, olha que coisa curiosa, o que está em cima da minha mesa tem janeiro e fevereiro de 2013! Aliás, o nosso calendário tem uma Copa do Mundo agendada para 2014 e uma Olimpíada combinadíssima para 2016! Aqui, no Brasil!
Também acho suuuuuperinteressante que os maias, com toda a sua capacidade de prever o futuro, não conseguiram evitar a própria extinção. Será, então, que eram tão bons assim em fazer calendários?
E mais essa: o calendário maia, por acaso, corresponde ao calendário gregoriano, este que nós usamos?
Tenho sérias dúvidas sobre a seriedade deste fim do mundo. Cá com meus botões, penso que não vai acontecer.
O fim do mundo tem lá os seus encantos, é verdade. Pensa comigo: a gente morre, mas morremos todos juntos, não fica ninguém por aqui, chorando as saudades de quem partiu. Não teremos que pagar as 24 prestações da compra dos presentes de Natal, nem o IPTU 2013, nem o IPVA. O fim do mundo está marcado para o dia 21, sendo que até o dia 20 todos devem já ter recebido o décimo terceiro salário. Podemos todos comer e beber o décimo terceiro inteirinho, sem culpa, sem nos preocuparmos em botar um pouco na poupança, uma reserva para o ano que vem.
Mas, aqui entre nós, poderiam ter agendado para depois das festas, não é mesmo? Dois feriadões de quatro dias e o fim do mundo vai acontecer antes? Isso não tem o menor cabimento! Ainda bem que eu vou estar em férias. Detestaria trabalhar até as 18 horas, chegar em casa louca para tirar os sapatos e começarem as explosões e os gemidos, sem tempo nem para uma sonequinha.
Eu tenho certeza de que, se não frearmos nosso ritmo de consumo e degradação ambiental, o mundo se encaminhará para o fim inevitável. Mas não acontecerá em um dia. Acontecerá lentamente, uma tortura agoniante, dia após dia, mês após mês, ano após ano, cada vez pior, cada vez mais pobre em recursos, cada vez com mais fome, mais lixo, menos água. Mas isso somente se não frearmos nosso ritmo de consumo e degradação. Ainda há esperanças, se o homem acordar logo.
Quem sabe seja isso, afinal, o fim do mundo? O fim desta era de inconsequência e o início da era da maturidade. O fim de um tempo de destruição e o início de um tempo de construção de um mundo melhor. O fim deste mundo como o conhecemos e o começo de um outro, mais justo, mais humano, mais pacífico, mais afetuoso.
Quem sabe dia 21 de dezembro seja o início do tempo de despertar? Mas para despertar, será preciso marcar data? Podíamos começar agora mesmo.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Minha pizza favorita!

Desde a infância que eu e minha família somos clientes da Pizzaria Conca D'Oro. Eram nossos vizinhos, na esquina da Regente Feijó com a Quinze de Janeiro, em Canoas. No início, o pai comprava, todo mundo em casa comia, mas eu não. Achava esquisito aquele queijo derretido. Não gostava de pizza. Mas achava bacana as pessoas comerem pizza, então me determinei a experimentar e a gostar. Isso mesmo, eu decidi que gostaria de pizza.
A mussarela da Conca foi a primeira pizza que eu comi e confesso que, sendo uma chata de marca maior, de início comia só a massinha. Levou uns meses até me encorajar a provar a pizza com tudo o que ela tem por cima.
E aí, minha gente, nunca mais abandonei. Pizza é a minha comida preferida. Troco qualquer coisa, qualquer refeição, por uma pizza. Sou viciada, sou fissurada! 
E as da Conca D'Oro são as minhas favoritas! A pizza é fininha, tem uma massinha crocante e deliciosa. A cobertura é na medida, sem exageros. O molho é fantástico. A alho e óleo não tem igual, é a melhor que já experimentei. A quatro queijos é igualmente saborosa. A que leva o nome da casa, Conca D'Oro, de salamito e azeitonas, é diferente de todas as pizzas que já comi. 
Na minha adolescência, frequentava direto, com as amigas ou com a família. Volta e meia estávamos na Conca. Quando não íamos, pedíamos!
Vivemos alguns momentos inesquecíveis, como a aposta do meu irmão com o senhor Campello quando o Grêmio foi campeão da Libertadores em 1995. Se o Grêmio vencesse, meu irmão, colorado fanático, iria comer uma pizza vestindo a camisa tricolor. Ele saiu de casa escondido, para que ninguém percebesse. Mas o Fábio nos avisou da sua chegada. Fomos até lá e fizemos a maior algazarra na pizzaria. 
Depois de um tempo, mudou-se para outra região. Durante anos a Conca D'Oro esteve ausente. Achamos até que havia fechado. Depois descobrimos que seguia atendendo com tele-entrega, então voltamos a consumir.
Alguns anos atrás, retornaram para a Regente Feijó, o que eu festejei com toda a alegria! 
A família Campello, dona Celeste, Fábio, Fabiana e o resto da turma, tornaram-se amigos muito queridos. Ir à Conca não é apenas sair para comer uma pizza. É me sentir em casa, num ambiente simples e acolhedor.
Meu chá de fraldas, quando grávida, foi na Conca, assim como o chá de panela da minha irmã. Lá comemoramos nossos aniversários, nossas conquistas, ou simplesmente vamos porque não estamos a fim de lavar a louça. É sagrado, uma vez por semana, no mínimo, comemos a pizza da Conca D'Oro, em casa ou lá mesmo.
A minha filha adora! Faz amizade com as garçonetes, diverte-se brincando com elas. Faz de conta que está atendendo, veste um avental e vai "anotar os pedidos". 
Hoje os Campello comemoraram os 30 anos da Conca D'Oro. O Fábio e a dona Celeste ofereceram um coquetel e nossa família foi convidada. Para mim é uma felicidade festejar esta data! 
Parabenizo a família Campello e desejo muitos e muitos anos de sucesso!
A pizza da Conca é a minha pizza favorita. E o melhor de tudo: fica do ladinho da minha casa!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Festa dos Dias


Neste dia 12 de outubro, mais do que o Dia da Criança e o dia de Nossa Senhora Aparecida, foi festejada a Família Dias. Mais que festejada: celebrada! Porque celebrar é diferente de festejar. O nome do evento era “Festa da Família Vargas Dias”, mas “festa” não traduz o que se viu por lá. Foi uma verdadeira celebração!
Sim, foi uma festa incrível, cheia de atrações, show de talentos, comida deliciosa, sorteio de brindes e uma dose imensa de emoção, saudades e alegria pelos reencontros. Estava estampado nos olhos de cada um, nas lágrimas que corriam daqueles olhos, furtivas por trás dos óculos, ou escancaradas em meio a abraços e sorrisos molhados de água e sal. Mas eu posso assegurar que foi além. Foi sim, uma celebração.
Celebração da família, celebração da união, celebração da força da consanguinidade, celebração da vida, tamanha a vibração, tamanha a energia concentrada naquele ambiente.
Os Dias são a família do meu marido. Mas há algo maior que isso. Os Dias são a família da minha filha e isto os torna mais do que especiais para mim. Eles, os Dias e a minha filha, estão unidos por laços indissolúveis, laços eternos, um elo que corre em suas veias e que, por consequência, me amarra inexoravelmente a eles.
Isto já seria muito, seria suficiente, para valer meu respeito e gratidão para todo o sempre. Porém ainda não é só isto. Há algo neles, em todos eles, que me encanta e me comove de uma forma profunda. É um jeito de ser, de sentir e se expressar, é uma maneira de olhar o mundo e a vida, é um brilho nos olhos e nos sorrisos, que faz querer ser parte.
Os Dias são a família do coração, a família que eu escolhi fazer parte. Não é família de sangue, é família por vontade!
Saímos com a promessa de uma nova festa dentro de um ou dois anos, que há de realizar-se, certamente, dado o sucesso da primeira e levando em conta a determinação desta gente. Sinto-me feliz por ter participado, por ter presenciado tudo isto, por me sentir integrada, por me sentir dentro. É uma honra estar nesta família!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Oração para o Negrinho do Pastoreio

‎"Negrinho do pastoreio
acendo esta vela pra ti
e peço que me devolva 
a querência que eu perdi.
Negrinho do pastoreio

traz a mim o meu rincão.
Eu te acendo esta velinha,
nela está meu coração.
Quero ver meu lindo pago
coloreado de pitanga,
quero ver a gauchinha
a brincar na água da sanga
e a trotear pelas coxilhas
respirando a liberdade
que eu perdi naquele dia
que me embretei na cidade"
Barbosa Lessa

Que neste 20 de setembro o Negrinho do Pastoreio ache para todos nós as nossas tradições esquecidas, deixadas de lado em nome da modernidade e do progresso, deturpadas pela invasão de outras culturas, pela ignorância e pelo desconhecimento de gente pseudocampeira que acha que inventou o campo e o cavalo.
Que neste 20 de setembro o Negrinho do Pastoreio ache para todos nós a nossa honra, a nossa coragem e o nosso brio, que nos devolva o orgulho de sermos gaúchos, de termos a melhor educação e a melhor saúde do país, obra de governantes determinados, combativos e honestos e que defendam as nossas necessidades.
Que neste 20 de setembro o Negrinho do Pastoreio ache para todos nós um motivo melhor para aparecermos no Jornal Nacional, que não sejam as baixas notas nas avaliações educacionais, nem a penúria das secas ou das enchentes, nem os escândalos envolvendo empresas públicas e autarquias do Estado.
Que neste 20 de setembro o Negrinho do Pastoreio ache para todos nós o direito de assistirmos jogos dos nossos times na TV aberta e sem favorecimento dos times dos outros estados.
Que neste 20 de setembro o Negrinho do Pastoreio que vive no coração de cada gaúcho possa achar a rédea deste Estado e assumir o comando novamente.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Os vasinhos da Manuela


Época de eleição, muita poluição visual e sonora nas cidades, tive uma grande satisfação ontem pela manhã. Estava indo para o trabalho e, ao chegar a Porto Alegre, nas proximidades do aeroporto, comecei a ver alguns vasos de cerâmica (quadradinhos, não muito grandes, deviam ter uns 30 centímetros de altura). Fiquei curiosa, imaginando do que se tratava. O primeiro que encontrei tinha uma haste de madeira com uma grande flor de papel na ponta, mas estava envergada para a frente, então não consegui saber o que estava escrito nela. Isso só aumentou a curiosidade, porque logo avistei outro vasinho, no canteiro central, passando o Laçador. Aí sim consegui ver que a flor era uma propaganda política, da candidata a prefeita de Porto Alegre, Manuela d’Ávila.
Não voto em Porto Alegre, não compartilho dos ideais políticos da Manuela, e também não votaria nela por um motivo deste tipo, mas achei a ideia dos vasinhos extremamente delicada e simpática. Ao invés de encher Porto Alegre com mais cartazes e placas horrorosos, que tanto enfeiam e dão um ar de bagunça e sujeira, Manuela presenteou as ruas com um pouco de suavidade e beleza, demonstrando algum carinho, alguma ternura, pela cidade que possivelmente a escolherá como prefeita.
Parabéns, Manuela, pela “mídia” escolhida para sua campanha.  É reconfortante saber que política ainda pode ser feita com criatividade e, por que não, um pouco de aconchego.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

...e na hora da nossa morte, amém.

É, ninguém sabe a sua hora. A morte é a única coisa certa da vida. Como disse Mário Quintana, a nossa “doce prometida”, com quem não sabemos quando serão as bodas, “Se hoje mesmo...ou no fim de longa vida”. Ela nos assusta, nos amedronta, nos incomoda e, por isso mesmo, nos desacomoda. Não fosse o saber que morreremos, o que faríamos de nossas vidas? Com que preguiça, com que lentidão, nós viveríamos? Evolução, progresso, inovação, para quê? Ela nos paralisa de medo e, contraditoriamente, é o que nos move.
Quando eu era criança e também na adolescência, não tinha medo da morte. Tinha pânico, pavor, um horror visceral. Eu não pronunciava a palavra, se estivesse escrita eu não encostava os dedos nela, não ia a velórios ou enterros, na Ave Maria eu suprimia a última frase. Que idiota! Como se isso pudesse evitar “a hora da nossa morte”! Amém!
Mas fui obrigada, pelas aulas de anatomia na faculdade, a começar a conviver com ela. E como não consigo sentir medo por muito tempo sem olhá-lo nos olhos e resolvê-lo, comecei a estuda-la, sob diversos aspectos. Biológico, espiritual, cultural etc.
Hoje me relaciono bem, tanto com o assunto quanto com a perspectiva da minha própria. Vai acontecer, afinal, embora não se saiba quando ou como ou onde. E diante da imprevisibilidade, me mantenho sempre de malas prontas. Não, eu não enlouqueci! Eu encaro diariamente a BR 116, trecho Canoas-Porto Alegre, um dos mais perigosos do país, tenho arritmias cardíacas violentas, tenho alergia a duas mil coisas, um histórico familiar de AVC, infarto e todas as doenças cardiovasculares imagináveis, 38 anos e uma glicemia que não baixa de 110 e uma teimosia crônica e falta de vergonha na cara de não parar de tomar café com açúcar e Coca Cola. Não tenho histórico de câncer na família, mas vá saber. Sem falar no risco de tiro, facada, prédio desabando, esses que todos correm a todo momento. A gente sai de casa e não sabe se volta!
Malas prontas são o beijo nos meus queridos quando os deixo, não ficar de mal com as pessoas que eu amo, pedir perdão a quem eu magoei e perdoar os que me magoaram (apesar de ser muito falastrona, eu guardo mágoa de muito pouca coisa na vida), usar sempre as frases mais importantes: eu te amo, tu és meu amigo, obrigada por tudo, eu te admiro muito.
Lembro de um amigo, o Carlos, durante a cerimônia de cremação da namorada assassinada em um assalto: “O que me consola é que eu não fiquei devendo nada. Eu disse ‘eu te amo’ todas as vezes que eu quis dizer e todas as vezes que ela quis ouvir. Não deixem de dizer que amam alguém. Não gasta! E nessa hora é só que consola!” Nunca esqueci disso. Aprendi a fazer minhas malas com muitas pessoas.
E enquanto a dita cuja não chega, a gente tenta viver da melhor maneira possível. Nem que seja para tirar um sarro dela: “Aí, véia, chegou tarde! Eu fiz tudo o que eu queria na vida!”


sexta-feira, 20 de julho de 2012

Para os meus amigos

Quando eu era criança, assisti no cinema um filme com o Bud Spencer e o Terence Hill, chamado "Quem encontra um amigo, encontra um tesouro".
O filme era a história de um velejador (Bud Spencer) que está em busca de um tesouro em um navio naufragado. Antes de partir, um trambiqueiro (Terence Hill) perseguido pelas pessoas que enganou, se esconde no barco e acaba indo junto na viagem. No início, o Bud fica furioso com a presença do intruso. Mas para não atrasar a viagem e como não dava para simplesmente jogá-lo no mar, acaba aceitando o inesperado companheiro.
Aí os dois vivem as maiores aventuras e acabam encontrando o tal tesouro.
Evidentemente se tornaram grandes amigos, o que explica em parte o nome do filme. Mas a localização do tesouro, por outro lado, só foi possível pela ajuda que o Terence deu para o Bud, o que dá um duplo sentido ao título.
Então, para encontrar um tesouro, seria necessário ter junto um amigo.
O Bud se achava muito auto-suficiente, tanto que a intenção inicial era partir sozinho em busca da fortuna, o que obviamente não seria viável, como se percebe no decorrer do filme. Além disso, pela má fama do colega, tinha medo que o trambiqueiro roubasse seu tesouro, o que acaba não acontecendo, pois a amizade entre eles acaba sendo maior que a sem-vergonhice do Terence.
Adoro filmes sobre amizades verdadeiras e sólidas, construídas no dia a dia, quando o apoio mútuo, a confiança e a compreensão fazem superar todas as dificuldades. Sociedade dos Poetas Mortos, Amigas para Sempre, Flores de Aço, Up, O Último Samurai, são alguns exemplos.
Mas, mais do que isto, prezo muito as minhas amizades, verdadeiras e sólidas, construídas no dia a dia, quando o apoio mútuo, a confiança e a compreensão fazem superar todas as dificuldades e nos levam a encontrar incríveis tesouros ao longo da jornada.
Para os meus amigos, meus grandes e ricos tesouros, todo o meu carinho neste dia do amigo!

sábado, 7 de julho de 2012

Sementeira


A sementeira é a terra semeada, o viveiro de plantas, a origem, a fonte, a causa.
Minha vida é a sementeira. Eu, sempre a lançar à terra sementes para germinar.
Preparar o solo. Arado, ancinho, enxada. Minha dedicação é o adubo. Abrir os sulcos, depositar as sementes. Depois regar e ir embora. A colheita é sempre para outra pessoa.
Isto não é um problema. A eterna necessidade de movimento faz com que eu não consiga me manter estática por muito tempo. Preciso andar. E vou deixando os rastros, os canteiros semeados. Começo, talvez meio, nunca o fim.
Já deixei um sem fim de obras inacabadas. Inconstância sim, concordo. Sou volúvel!
Mas com este sempre começar, já  descobri em mim habilidades que não conhecia, redescobri algumas que estavam esquecidas, derrubei velhas verdades, encontrei novas, revigorei o pensamento, fiz muitos amigos e me senti honrada por participar do nascimento de muitas coisas incríveis.
Vivo a emoção de ver a semente germinar e as flores e frutos nas mãos de outras pessoas, porque eu sei, no meu coração, que se eu não tivesse plantado, elas não teriam colhido. Não preciso destes créditos, no meu íntimo eu sou a mãe.
Desapego fácil, deixo para trás sem sofrimentos.
Só fico triste ao ver boas sementes perecerem em mãos pouco cuidadosas. Às vezes escolho solos inférteis, onde nada cresce. Ao invés de árvores frondosas, galhos secos e inertes.
Minha alegria é ver os frutos que um dia cultivei povoando as mesas, e as flores colorindo os vasos, ainda que por mãos alheias.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Traduções

“Mamãe, hoje eu se descomportei na escola e fui para o pensamento!”
“Isso é bom, mamãe? Deixa eu esmerentar?”
“Não dá pra ouvir nada! Avolenta o volume!”
“Que lindo! Isso é um bestáculo!”
Minha filha tem 5 anos e faz um tremendo esforço para falar corretamente, mas ainda fala as pérolas acima. Faz parte do papel de mãe, entre outras coisas, a tradução dos filhos.
Acho as conversas infantis a coisa mais engraçada que existe! Os pequeninos aprendem por imitação. Nos observam e repetem aquilo que falamos. Aos poucos, vão associando as palavras aos seus significados, vão entendendo que cada palavra simboliza um objeto, uma ação, uma qualidade, vão conectando umas às outras e formando pequenas frases.
A linguagem humana é, para mim, a mais fantástica obra da Criação. A capacidade de expressar detalhadamente o pensamento, de explicar aquilo que se passa em nossa mente, de relatar nossas vivências, de contar a nossa história, de criar nomenclaturas é, talvez, a mais incrível habilidade do ser humano. Mas o longo caminho para chegar até a linguagem plenamente desenvolvida é recheado de momentos gracinha, quando a língua enrolada e a pouca destreza nos movimentos bucais geram palavrinhas divertidas, frases sem pé nem cabeça, que nos enternecem e nos deixam cheios de orgulho dos nossos pimpolhos.
Minha pequena começou a balbuciar coisas “compreensíveis” por volta dos 7 ou 8 meses. O papai, ela chamava de papai, mas eu, Maria, ela chamava de “Ia”. Demorou um pouco até eu me dar conta do significado, mas fui percebendo que ela falava “Ia” e apontava para mim. Na sequência, ao longo dos meses, a vovó era “bobó”, tomate era “papati”, Backyardigans (esse era bem difícil!) era “Cacáqui” (gostei mais da versão dela!), pepino era “pipibo” e pizza era “pipa” (graças a Deus, podia ser pior!).
Tem pais e mães que se desdobram para fazer com que os filhos falem corretamente. Se o pitoco fala “áua”, não alcançam a mamadeira até que saia “água”. Eu corrijo a minha menina, mas acho isso um exagero, acaba gerando uma angústia desnecessária. Com o tempo, eles vão aprender a forma correta de cada palavra. E, além do mais, a criatividade infantil é algo sem limites. Dia desses, tivemos esta conversa:
“Isso é bom, mamãe? Deixa eu esmerentar?”
“Ex-pe-ri-men-tar!”
“Es-me-ren-tar!”
“Experimentar!”
“Tá, mãe, deixa eu provar, então!”
Fui para o pensamento.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Comunicando


Transmitir aquilo que pensamos, aquilo que sentimos, é uma das coisas mais difíceis que existem. Já me preocupei muito com isso. Tinha pânico de não me fazer entender, de falar alguma coisa e parecer absurda, de escrever um texto e não dizer nada com nada. E tenho amigos que também padecem destas neuroses irremediáveis.
Nunca, nunquinha mesmo, poderemos ter certeza de que os outros compreenderam o que a gente quis dizer. Seja linguagem escrita, seja linguagem falada, seja linguagem desenhada. A mensagem é composta dos 50% emitidos e outros 50% recebidos e o receber depende apenas que quem recebe, por melhores que possam ser os recursos de emissão. E isto é incontrolável! E se não pode ser controlado, não há nada que possamos fazer. E se não podemos fazer nada, então não devemos queimar nosso rico e escasso fosfato com isto!
Tenho me preocupado com os 50% que me competem. Quando estou emitindo, tento fazer da melhor maneira e, se possível, de uma forma que o receptor possa ao menos se interessar por aquilo que estou emitindo (se ele vai entender, são outros quinhentos, mas ao menos ele tem que querer me ouvir). Aí, pra tentar facilitar um pouquinho o entendimento, eu tento ser o mais clara possível. Mas, ainda se interessando e entendendo, isso não é garantia da boa vontade da reprodução daquilo que eu estou orientando, informando, pedindo. Como me disse minha amiga Marinês, todo mundo tem um momento de total autonomia, pela simples impossibilidade de onipresença e onisciência. Ou seja, um momento em que não há controle sobre o outro, não há fiscalização, e não importa muito o que foi comunicado, mas o que cada um entendeu.
E quando eu sou a receptora, ao menos me esforço para chegar perto do que estão tentando emitir. Nem que seja pro coitado do emissor não ficar frustrado! Mas é evidente que a mensagem vai chegar, vai se confrontar com as mensagens anteriores que já estavam em mim, talvez fique, talvez se misture, talvez saia do jeito que entrou, ou talvez nem passe perto. Os filtros da gente são instrumentos poderosos e, de fato, cada um só ouve o que quer ouvir.
Assim sendo, penso que eu faço a minha parte, tento ser uma boa emissora, uma receptora razoável, e desencano.
Eu tenho certeza plena e absoluta da minha impotência diante dos poderosos filtros alheios. Então, tudo bem! Simples assim. A gente faz o que pode!
Evidente que isso eu só adquiri após anos de tentativas de manipular o receptor, óbvio que de maneira infrutífera!!! Hoje, o que eu escrevo, falo, ensino, discuto, tem muito mais a ver com o que eu tenho vontade de expor, ou com o que me faz bem expor, do que com aquilo que eu acredito que o receptor vai compreender ou aceitar ou aprender.
Se eu quero que compreendam? Evidente. Mas reconhecer e aceitar o limite dos meus 50% da comunicação facilita horrores minha vida e me ajuda a não esquentar a cabeça. Faço os meus 50% e isto já é um montão!

domingo, 18 de março de 2012

No mês da mulher

Um dia, quando eu ainda não queria ter filhos (e não queria mesmo, achava que  não iria querer nunca), uma colega de trabalho que eu admirava e adorava, farmacêutica, doutora em farmacologia, professora universitária, solteira, independente, windsurfista, enóloga, festeira, siliconada, platinada e linda de morrer (ou seja, fez tudo o que queria da vida), me disse:
"O que? Tu não queres ser mãe? Deves ter algum tipo de doença! Acho que tu precisas te tratar!"
Tão maravilhosa e tão preconceituosa...
Penso eu que deveríamos ter o direito de sermos o que quisermos e não o que nos é imposto. Mas me entristece mais quando a imposição parte de outras mulheres. Eu não sou uma feminista de carteirinha, nem sem carteirinha. Não acho que as mulheres têm que ser mais que os homens, melhores que os homens, superiores aos homens. Não precisamos necessariamente viver na Ilha Paraíso, só as amazonas sob o governo da rainha Hipólita, mãe da Mulher Maravilha. Acredito mais na igualdade de direitos, deveres, compromissos, acessos, etc, e na total e irrestrita desigualdade de personalidades, sonhos, desejos, modo de ser e agir. Infelizmente, ainda não nos tornamos iguais no que deveríamos ser e estamos cada vez mais uniformes no que deveria ser individual. Mulheres de terno e gravata, homens de unhas pintadas! Cada um usa o que quer, mas eu traduzo essa necessidade de se igualar fisicamente ao outro sexo como um desejo reprimido e ainda não atingido de termos os mesmos direitos, a mulher de ocupar um espaço que também pode ser seu, o homem de ser mais sensível e humano.
Como eu disse antes, me entristece mais quando a imposição parte de outras mulheres. Que um homem ache que é obrigação da mulher ser mãe, amante, bunduda e sem barriga e ainda não gastar uma nota no shopping, vá lá, eles não estão na nossa pele, não vivem a nossa vida. Mas outra mulher me falar uma barbaridade dessas, é o fim da várzea!
O caminho da igualdade é longo e está sob a responsabilidade do DNER! Há muitos buracos para passarmos, há trechos sem sinalização, os reparos, quando são feitos, duram pouco, o asfalto é de péssima qualidade, os motoristas (homens e mulheres!) desrespeitam as leis do trânsito, parte da frota é arcaica, os caminhões arrastam toneladas muito acima do que a estrada é capaz de suportar. Mas ainda assim a gente precisa seguir trafegando, ou não chegaremos onde queremos.

O significado de uma cor

Não gosto de amarelo. Não, não é que eu não goste, acho que não combina comigo. Não uso nada amarelo porque me deixa pálida. Mas até que eu gosto das flores amarelas, a rosa amarela é lindíssima, o ipê amarelo é maravilhoso. Mas acho estranhos os carros amarelos, mesmo os esportivos. E o amarelo nas casas, não é em todas e também não em qualquer tonalidade que fica legal.
Quando contei para minha filha que construiríamos uma casa nova para morarmos, a primeira coisa que ela disse foi: "Oba! Uma casa amarela!"
Amarela???
Eu tinha em mente deixar minha filha participar de alguma forma na construção da nova morada. Como ela tem apenas 5 anos e é impossível nesta idade poder opinar sobre estrutura, distribuição da área física, materiais, pensei que ela poderia participar sugerindo as cores. A do seu próprio quarto, evidentemente, e também a pintura externa.
Antecipando esta minha intenção e antes que eu perguntasse, ela me sai com aquela frase: "Oba! Uma casa amarela!"
Nunca pensei nesta opção. Jamais sequer cogitei a possibilidade de pintar minha casa de amarelo. Pensava num verdinho, um azul claro, cores frias, tons de água, combinando com a pisciana que eu sou. Não. Amarelo estava fora de questão.
Mas o entusiasmo dela, tão iluminado quanto a própria cor, acabou me contagiando. Comecei a visualizar mentalmente aquela fachada, com as aberturas brancas, um jardinzinho, e fui acostumando com a ideia.
No dia em que fomos escolher as tintas, ela foi junto. Mostrei algumas tonalidades no catálogo e ficamos entre maracujá, canário e acácia mimosa. Já havia olhado na Internet, no site do fabricante, e visto algumas coisas previamente, então fechei um pouco o leque de opções e apontei para ela aquelas tonalidades que achei mais interessantes. Acácia mimosa é o nome da cor escolhida. Um amarelo claro, mas extremamente luminoso, a cor da florzinha da acácia mimosa, de fato.
Esta semana, finalmente, foi feita a pintura externa das paredes. Na primeira passada dos rolos, um enorme susto: o amarelo inicial, com a tinta ainda fresca, é cor de manga madura, quase passada! Meu Deus, não foi nisso que pensamos! Mas realmente foi só um susto. Assim que a tinta seca, assume a cor esperada, e fica linda.
Vou morar em uma casa amarela, quem diria!
O amarelo que significa alegria, mas que para mim significou também a consideração pela mais jovem moradora da casa, o respeito por seu direito a participar na construção daquele que será o seu lar.
O quarto? Ah, sim, é lilás!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Construindo

Ando ausente, mas a causa é muito justa: estou construindo minha casa nova. Isto toma um tempo monstruoso!
Ao invés de textos, escrevo recibos, listas, orçamentos.
Minha cabeça anda povoada de cimento, azulejos, tintas, manta asfáltica e outras coisas do gênero. Não sobra um cantinho para mais nada.
A criatividade está toda investida na combinação do piso com o azulejo, da janela com a parede, das cores internas, das cores externas...
Mas eu volto. Está no fim.
Graças a Deus!

Ciúmes

Nunca fui uma pessoa ciumenta dentro padrões comumente reconhecidos como de um "ciumento". Nunca reclamei daquelas olhadinhas para as gostosas na rua, nem dos elogios intermináveis à Luma de Oliveira ou à Ana Paula Arósio ou qualquer outra beldade. Nunca reclamei das chegadas tarde da noite porque ficou trabalhando. Nem impedi qualquer jogo de futebol com os amigos. Nada de chiliques, cenas, escândalos. Meus ciúmes não passavam de algumas conversas dando conta do que eu faria se um dia descobrise que fui traída.
Aí sim, passado o pressuposto de que todos são inocentes até prova em contrário e assinado o atestado de infidelidade, as maiores atrocidades seriam cometidas contra aquele safado, sem vergonha, filho de uma boa senhora!
Dar o troco? Nããããããoooo! Muito pouco! Coisas bem piores, do tipo pegar o sujeito dormindo e acordá-lo a marteladas nos joelhos, cotovelos e, obviamente, na área de lazer! Aliás, a área de lazer poderia perfeitamente ser cortada fora, sem dó nem piedade! Rasgar todas as roupas do cidadão, destruir seus brinquedinhos favoritos, talvez o Playstation, o notebook ou então, olha que idéia incrível, esfaquear a bola de futebol. Evidentemente eu não iria olhar para a cara do sujeito nunca mais. "Desaparece!!!" seria a última palavra minha que ele iria ouvir. E eu fazia questão de deixar bem claro tudo o que ocorreria no caso de uma pulada de cerca.
Ufa! Fiquei exausta só de pensar! Embora não perdesse meu tempo sentindo ciúmes e fazendo cobranças, gastava uma energia louca planejando vinganças para uma eventualidade: no caso de uma traição, precisava estar preparada!
Um dia, conversando com uma amiga que havia sido "presenteada" pelo marido, mudei radicalmente a minha forma de pensar sobre este assunto. "A gente nunca sabe como vai reagir a uma coisa dessas. Eu dizia que ia fazer  e acontecer e, quando me deparei com a situação, não tive coragem de fazer nada, nem vontade. Apenas perdoei. Fico me culpando por não ter cumprido todas as minhas 'promessas', por ter agido como uma fraca, mas fazer o que, eu gosto daquela criatura.". Essas palavras da minha amiga me ensinaram a coisa mais importante sobre os relacionamentos: a imprevisibilidade.
Não podemos prever coisa alguma. Não sabemos se seremos traídos ou não, não sabemos como iremos encarar a situação, não sabemos como iremos reagir. A traição por si só não é uma garantia de que deixaremos de amar imediatamente o traidor. Talvez nos decepcionemos, talvez já estivéssemos esperando que isso acontecesse. Mas não há como saber como iremos nos sentir.
Ter esta consciência é profundamente libertador. Devolve nosso tempo, devolve nossa energia e nos deixa livres para, se um dia nos depararmos com esta situação, tomarmos a decisão que o momento exigir, sem culpas, sem cobranças, sem contradições.