sexta-feira, 9 de março de 2012

Ciúmes

Nunca fui uma pessoa ciumenta dentro padrões comumente reconhecidos como de um "ciumento". Nunca reclamei daquelas olhadinhas para as gostosas na rua, nem dos elogios intermináveis à Luma de Oliveira ou à Ana Paula Arósio ou qualquer outra beldade. Nunca reclamei das chegadas tarde da noite porque ficou trabalhando. Nem impedi qualquer jogo de futebol com os amigos. Nada de chiliques, cenas, escândalos. Meus ciúmes não passavam de algumas conversas dando conta do que eu faria se um dia descobrise que fui traída.
Aí sim, passado o pressuposto de que todos são inocentes até prova em contrário e assinado o atestado de infidelidade, as maiores atrocidades seriam cometidas contra aquele safado, sem vergonha, filho de uma boa senhora!
Dar o troco? Nããããããoooo! Muito pouco! Coisas bem piores, do tipo pegar o sujeito dormindo e acordá-lo a marteladas nos joelhos, cotovelos e, obviamente, na área de lazer! Aliás, a área de lazer poderia perfeitamente ser cortada fora, sem dó nem piedade! Rasgar todas as roupas do cidadão, destruir seus brinquedinhos favoritos, talvez o Playstation, o notebook ou então, olha que idéia incrível, esfaquear a bola de futebol. Evidentemente eu não iria olhar para a cara do sujeito nunca mais. "Desaparece!!!" seria a última palavra minha que ele iria ouvir. E eu fazia questão de deixar bem claro tudo o que ocorreria no caso de uma pulada de cerca.
Ufa! Fiquei exausta só de pensar! Embora não perdesse meu tempo sentindo ciúmes e fazendo cobranças, gastava uma energia louca planejando vinganças para uma eventualidade: no caso de uma traição, precisava estar preparada!
Um dia, conversando com uma amiga que havia sido "presenteada" pelo marido, mudei radicalmente a minha forma de pensar sobre este assunto. "A gente nunca sabe como vai reagir a uma coisa dessas. Eu dizia que ia fazer  e acontecer e, quando me deparei com a situação, não tive coragem de fazer nada, nem vontade. Apenas perdoei. Fico me culpando por não ter cumprido todas as minhas 'promessas', por ter agido como uma fraca, mas fazer o que, eu gosto daquela criatura.". Essas palavras da minha amiga me ensinaram a coisa mais importante sobre os relacionamentos: a imprevisibilidade.
Não podemos prever coisa alguma. Não sabemos se seremos traídos ou não, não sabemos como iremos encarar a situação, não sabemos como iremos reagir. A traição por si só não é uma garantia de que deixaremos de amar imediatamente o traidor. Talvez nos decepcionemos, talvez já estivéssemos esperando que isso acontecesse. Mas não há como saber como iremos nos sentir.
Ter esta consciência é profundamente libertador. Devolve nosso tempo, devolve nossa energia e nos deixa livres para, se um dia nos depararmos com esta situação, tomarmos a decisão que o momento exigir, sem culpas, sem cobranças, sem contradições.

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