terça-feira, 26 de abril de 2011

Se você quer ser amado, seja amável

Meu Orkut trazia uma frase interessante no espaço Sorte de hoje:
"Se você quer ser amado, seja amável."
Amável é aquilo que é digno de ser amado (está no dicionário, assim como quebrável é aquilo que pode ser quebrado, lavável é aquilo que pode ser lavado, visível é aquilo que pode ser visto...).
Costumamos aplicar o termo “amável” para qualificar aquelas pessoas que são agradáveis, gentis, doces, ternas. Mas somente estas são “dignas de serem amadas”?
“Você é muito amável!” dizemos quando alguém nos faz uma gentileza, nos trata com deferência, nos dedica uma especial atenção. Se tomarmos a definição ao pé da letra, estamos dizendo “Por ser tão bonzinho comigo, você merece ser amado”.
Será que é isto que a Sorte de hoje do Orkut estava querendo dizer: “Se você quer ser amado, faça por merecer, seja digno disto.”?
Não tenho a intenção aprofundar o assunto. Apenas achei a frase curiosa. Deu uma coceirinha no cérebro, uma certa inquietação.

domingo, 24 de abril de 2011

Aletiane

Minha gata Brida quase morreu. Aletiane é o anjo que me ajudou a salvá-la.

Era setembro de 2001. Havia me separado há alguns meses, tinha sido recém demitida de um emprego horroroso, mas que botava comida na minha mesa, me sentia sozinha, incompreendida, e resolvi adotar um bichinho de estimação. Por morar em um apartamento e por habitualmente não parar muito em casa, escolhi ter um gato, ou melhor, uma gatinha, que costuma ser mais higiênica e comportada.
Soube de uma amiga que estava com uma ninhada em casa. Sua gata Jade, uma belíssima siamesa, havia tido gatinhos. O pai era um gato vira-latas e os filhotes não saíram puros. Não me importava a raça. Os gatinhos estavam com 45 dias, tempo suficiente para serem desmamados. Fui até lá para escolher.
Lá estava a pobre Jade, num estado de miséria, com uns quantos pendurados nas tetas, mas me chamou a atenção, tentando escalar a caixa de papelão, uma gatinha preta de pelo arrepiado e miado estridente. Paixão à primeira vista! Não precisei nem olhar para os demais, era aquela rebelde e ousada que eu queria!
Já tirei da caixa chamando pelo nome, que havia sido escolhido quando resolvi ter uma gata: Brida.
Teimosa, impaciente, desconfiada, briguenta, cabeleira arrepiada, ela se parece muito comigo. Gosta dum cafuné, mas vai com calma que ela morde! Não invade o espaço dela que ela arranha! Mas é leal e amiga.
No ano seguinte, ela engravidou de um gatinho que rondava o apartamento térreo onde morávamos, em Tubarão, Santa Catarina. Eu viajei para Canoas, num fim de semana, e quando voltei, ele havia invadido o apartamento por uma das basculantes que ficavam no alto (bem alto!) da janela, e os dois tiveram um romance tórrido! Não havia um grão de ração e uma gota d’água! Meses depois, Brida teve seis gatinhos, dos quais escolhi novamente uma fêmea para ser a companheira da mãe. Wicca tem a personalidade oposta: tímida, quietinha, preguiçosa, comilona (está obesa!), carinhosa, é um pouco meu alter-ego, porque às vezes também sou assim.
Ambas me acompanham aonde eu vou. Já me mudei nove vezes de lá para cá. Sempre estiveram junto comigo. Tive minha filha neste meio tempo, elas a respeitam e tratam com carinho. A Brida, tão arredia, deixa minha filha brincar com ela à vontade, sem nunca fazer nada contra ela, nem arranhões, nem mordidas, nada.
Dias atrás, minha Brida sumiu. Nunca tinha feito isso, nestes quase dez anos. Desconfio que ficou presa em algum lugar, mas a procurei desesperadamente e não consegui encontrá-la. Dias depois, voltou para casa, mas doente.
Encontrei-a em sua casa, tremendo, espumando, sem força nas patas, achei que tivesse sido envenenada ou que pudesse ser raiva. Puxei-a para fora com uma vassoura, porque tive medo que estivesse mesmo com uma doença grave e me mordesse. Sequer reagiu. Levei-a as pressas a uma clínica, escolhi a mais próxima da minha casa, sem nem me preocupar com o preço, pensando que talvez não tivesse tempo de levá-la mais longe.
Ela foi atendida por uma veterinária firme e determinada chamada Aletiane. Além do nome, esta mulher tem de incomum um especial carinho pelos seus pacientes. Aletiane foi muito além do seu papel profissional. Mostrou-se comprometida, competente, esclareceu minhas dúvidas, mas ofereceu mais do que isso. Ofereceu o que a Brida mais precisava naquele momento, o seu afeto.
A doença da Brida é um mal que atinge gatos, especialmente os mais gordinhos, chamado lipidose hepática. O gato fica sem se alimentar e seu fígado começa a se deteriorar, formando vacúolos de gordura. Li que ela mata 90% dos gatos nas primeiras 72 horas, mas passado este tempo, pode haver recuperação. É um processo longo, demorado, caro, exige paciência e dedicação, porque durante muitos dias o bicho precisa receber alimentação forçada, através de sonda ou seringa. Podem passar até três meses até que o gato volte a comer espontaneamente.
Aletiane me encorajou a não desistir. Investiu seu tempo e seu carinho para salvar a minha Brida e me inspirou a levar em frente esta empreitada. Teria sido mais fácil solicitar uma eutanásia? Certamente, mas não teria coragem, diante da determinação de Aletiane em tratá-la.
Após uma internação de uma semana, algumas idas e vindas para a clínica, Brida está em casa e eu a alimento usando uma seringa e uma dieta especial, concentrada em proteínas.
Exercito diariamente a paciência, para alimentá-la, para fazê-la se movimentar, e vibro com cada pequena reconquista de autonomia da minha amiguinha: usar a caixa de areia, voltar a se lamber, voltar a se coçar, começar a brigar comigo enquanto a alimento, dar pequenos passos pelo quintal.
Sinto-me feliz por não ter desistido de tratá-la. Talvez a Brida tenha ainda uns poucos anos de vida, os gatos vivem mais ou menos 15 anos, assim como os cães. Mas gostaria muito que minha gatinha pudesse ter uma morte serena e tranquila, sem sofrimentos, a mesma morte que cada um deseja para si.
E sinto-me grata a Aletiane, esta veterinária que demonstrou em suas atitudes o valor da persistência e que foi, verdadeiramente, o anjo da guarda da minha gatinha.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Caminhos

Gosto de olhar para trás e ver o caminho que percorri.
Minhas memórias mais antigas nem são minhas, são histórias da minha gente, da minha família, coisas que me contaram, mas que compõem minhas lembranças de forma tão vívida quanto aquilo que eu mesma vivi.
A minha própria história se mistura a estas outras e por elas eu consigo compreender melhor quem eu sou, porque estou aqui, porque tenho estes gostos, estes gestos, estas verdades.
Gosto de resgatar este meu passado, que não é meu, mas também é. E gosto de me inserir neste contexto. É como eu me identifico, me aprendo.
Mas também gosto de olhar para a minha própria estrada, aquela que eu mesma pisei. Cada pedra, cada vista deslumbrante, cada florzinha, cada viajante que por ela passou. Gosto de reviver os caminhos percorridos. Esses caminhos que me fizeram chegar até aqui, ao que sou hoje, à visão de mundo que tenho, aos conhecimentos que adquiri, aos laços que construí.
Gosto de me debruçar sobre fotos, cartas, e-mails (difícil deletar!) ou simplesmente lembranças, recordar como foi, o que foi dito, o que foi feito, que sentimentos foram despertados. 
Tudo isso me ajuda a entender meu presente, como os acontecimentos me afetam, as minhas reações a cada situação. Olhar para trás é olhar para dentro.
Não sou saudosista, não gostaria de viver tudo outra vez. Cada coisa a seu tempo. Julieta Venegas já diz “El presente es lo único que tengo, el presente es lo único que hay”. Aqui e agora é onde a vida acontece. Mas conhecer e compreender como as pedras do meu alicerce se encaixaram me ensina a assentar as próximas de uma maneira mais sólida.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Promessas de Ano Novo

Escrevi esta mensagem no final de 2007, e enviei por e-mail aos meus amigos.

Promessas de Ano Novo:
1. Perder peso! Deixar para trás todo esse peso enorme que carrego nos ombros quando me preocupo à toa, quando assumo problemas que não são meus, quando me deixo abater pelas críticas!
2. Economizar mais! Guardar mais dinheiro para gastar com coisas que me divertem, me fazem mais bonita, mais culta e mais feliz!
3. Investir nos meus sonhos! Nos sonhos, nas pizzas, nas lasanhas, nas panquecas, nos churrascos e todas as delícias que tiver vontade de comer!
4. Investir no conhecimento! Procurar conhecer de verdade as pessoas ao meu redor, com suas virtudes e seus defeitos, e não apenas superficialmente, amando-as exatamente como são!
5. Ser mais flexível! Ando mesmo precisando fazer uns alongamentos!
6. Não me cobrar tanto! Se nenhuma destas promessas puder ser cumprida, que ao menos eu possa deixar pra lá!
Feliz Ano Novo a todos os meus amigos!
Obrigada pelo ano que passou! Vocês fizeram dele um ano mais feliz!
Que em 2008 possamos estar próximos, nem que seja em pensamento!

Vidraças

Esta é a razão para o nome deste blog.

Li outro dia, numa dessas mensagens em power point que os amigos às vezes enviam, um suposto provérbio chinês que dizia: “É fácil ser pedra, difícil é ser vidraça.”
Se é um provérbio e se é chinês, sei lá. Mas apesar da origem incerta, a profundidade da frase me tocou.
Fiquei pensando em quantas vezes já fui pedra e em quantas vezes assumi o papel da vidraça e quanto ser a primeira é mesmo mais fácil do que ser a segunda.
A vida é feita de escolhas e, hoje, escolho ser a vidraça.
A vidraça é transparente, através dela dá para ver o mundo.
A vidraça é protetora, impede a presença do vento e o frio.
A vidraça expõe, revela, mostra o que há dentro.
Algumas vezes ainda sou pedra? Ah, claro que sim! Uma pedra bem atirada contra a vidraça alheia, que efeito devastador! Cacos para todo o lado, aquela destruição... E a pedra ali, caída no chão, inerte e inútil após o estrago.
Hoje, escolho ser a vidraça.
É a escolha pelo mais difícil. Mas, quem sabe, um vidro temperado?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mãe? Eu?

Tenho uma filha de 4 anos. Não imaginava que eu pudesse me sair tão bem.

Mãe? Eu?

Sempre tive medo da maternidade. Medo de perder a liberdade, medo de não dar conta, medo da dor do parto, sei lá eu quantos outros medos.
Mãe? Eu? Fugi o quanto pude. Terminei o primeiro casamento sem um filho e com o fardo de não ter dado um neto ao sogro, que faleceu. Anos depois, novo casamento, e com ele os medos novamente.
Não queria ser mãe. Simples assim. Algumas amigas chegaram a dizer que eu tinha algum problema, deveria me tratar. Como assim não quer ser mãe? Meu livre direito de escolher meu destino era uma doença a ser tratada!
Foram longos anos convivendo com o medo de um lado e o preconceito do outro. Século vinte e um! Não podia não querer ser mãe, porque sou mulher e porque mulheres foram feitas para isso.
Um dia, depois de um ano e meio do segundo casamento, eu quis. Simples assim. De repente. “Agora eu quero ser mãe”. O mesmo direito que me assistia ao não desejar um filho, me amparou na mudança de ideia.
Eu quis e fiz. Parei com a pílula e dois meses depois estava grávida. A aventura mais fantástica da minha vida!
Descobri um sem fim de aptidões e conhecimentos inatos, coisas que nem suspeitava que pudesse ser capaz. Descobri um corpo que eu não desconfiava que tivesse. Uma paciência, uma tolerância e uma resistência que até então não combinavam em nada comigo.
Meu corpo grávido mudou minha percepção de mim mesma. Aprendi a me olhar com carinho e a respeitar meus limites. E, acima de qualquer coisa, aprendi a esperar. Esperar o dia da consulta, o dia da ecografia, esperar passar a náusea, esperar diminuírem as contrações antes de sair para o trabalho, esperar passar a dor nas pernas antes de continuar subindo as escadas, esperar a hora de parir.
Aos poucos, fui percebendo que meu medo de ser mãe era, na verdade, o medo de não reconhecer essa nova pessoa que a gravidez me revelou, o medo de não conseguir abrir mão dos meus defeitos.
Meu medo de ser mãe não era por causa do nascimento de um filho, mas sim pelo meu próprio nascimento, porque não haveria como passar por tudo isso sem que eu nascesse novamente.
Nasci de novo. Gostei do que vi. Mãe? Eu? É claro que sim!

Um plantão especial

Escrevi este texto em 04/10/2009, e enviei por e-mail às residentes e preceptoras da ênfase Oncologia e Hematologia, da Residência Integrada em Saúde, do Grupo Hospitalar Conceição, da qual eu faço parte, como preceptora da Farmácia.

No plantão da quimioterapia deste domingo, dia 04 de outubro, aconteceu algo realmente inusitado. O plantão estava tranquilo, havia pouca coisa a ser produzida, já estava quase terminando, quando olhei pela janela da sala da QT e vi duas andorinhas presas na passarela de acesso à Central de Misturas Injetáveis. Essa passarela, toda envidraçada, tem apenas uma abertura bem no alto. Quando o dia está ensolarado, fica um ambiente muito quente, merecidamente apelidado de “corredor do inferno”.
Pois lá estavam as duas, tentando sair e batendo-se contra os vidros, já que não encontravam a passagem por onde haviam entrado. Aparentemente já estavam bem cansadas de tanto debater-se e também pelo calor da passarela.
Larguei tudo o que estava fazendo e corri para tentar tira-las de lá. Como a porta da CMI para a passarela estava trancada, desci até a Farmácia Central e subi a escada que dá acesso da Farmácia para a passarela. As duas, seguiam tentando sair e também fugir de mim, chocando-se com a vidraça. Consegui pegar uma delas, que encurralei num cantinho e fui atrás da outra. Acabei deixando a primeira escapar. Mas ambas estavam tão exaustas que logo consegui pegar as duas nas mãos.
Tão pequenas, tão frágeis, tão lindas!!!
Desci até a Farmácia e mostrei-as aos plantonistas, um pouco para exibir meu feito heróico, mas também para dividir aquele momento com outras pessoas. Todos correram para olha-las.
Então saí para a sacada da Farmácia e as soltei no chão. Uma voou imediatamente. A outra ficou ali, paradinha, talvez cansada demais para sair voando. Levei a mão para pega-la novamente e aí a surpresa: ela subiu sozinha no dorso da minha mão e ficou ali por alguns instantes. Me deixou fazer um cafuné na sua cabecinha e então saiu voando.
Este domingo era dia de São Francisco de Assis. E eu fui presenteada.

Mais tarde, voltando pra casa, vinha pensando no acontecido. Dá pra traçar um paralelo muito vivo entre esses bichinhos e os pacientes que atendemos.
Quantos deles vêem nesta difícil situação que é o câncer e pergunta-se como foi parar ali? E debatem-se contra vidraças invisíveis, sofrendo e precisando de alguém que os acolha? E quantas vezes, ao tentar ajuda-los, nós os assustamos, a ponto de tentarem fugir de nós, como se fôssemos piores do que o problema que carregam?
Quantas vezes, ao conseguir "capturar" algum deles, temos certeza que agora está nas nossas mãos e está seguro e temos a certeza de que estamos no controle da situação, então, de repente, ele voa das nossas mãos? E como temos trabalho para resgata-los?
Quantas vezes, ao tentar ajuda-los, corremos o risco de machuca-los das mais diversas formas? E quantas vezes de fato machucamos?
E quando finalmente conseguimos “prende-los”, quantas vezes os carregamos como troféus da nossa competência?
Algumas vezes, ao solta-los, simplesmente batem asas e voam. Outros, mais por gestos que por palavras, apertam nossa mão, num misto de amizade e gratidão. Quantas vezes isso nos toca e nos comove?

Ajudar as andorinhas foi emblemático para mim. Valeu o meu domingo, valeu todos os domingos que estive em plantão.

Feliz Dia do Farmacêutico

Mensagem enviada por e-mail aos colegas de profissão no dia 20/01/2010, Dia do Farmacêutico.

A profissão farmacêutica já me proporcionou os mais variados sentimentos e emoções...
Já senti esperança, expectativa, ansiedade, quando era estudante e vislumbrava um futuro de realizações e sucesso.
Já senti angústia, medo, descrença, quando passei algum tempo desempregada.
Já senti raiva, vergonha, quando vi colegas vendendo seu saber por muito pouco, contrariando nosso código de ética, colocando em risco a saúde das pessoas.
Já senti orgulho ao conhecer a história de colegas que engrandeceram a profissão, contribuindo não só para a saúde, mas para um mundo melhor.
Já tive vontade de abraçar o mundo e já tive vontade de abandonar o barco.
Já construí castelos de sonhos e me meti em cavernas de desilusão.
Provei o gosto da crítica e do elogio.
Tive a tristeza de não ser ouvida quando sabia que minhas palavras poderiam ajudar a preservar ou recuperar a saúde de alguém... E tive a alegria de algumas vezes poder contribuir através do meu conhecimento.
Mas a cada dia, pouco a pouco, vou descobrindo o que essa profissão tão bonita tem a oferecer. E vou percebendo que sempre há mais e mais para desenvolver, conhecer, ajudar, amar.
A profissão farmacêutica me mostra, todos os dias, o valor da solidariedade, do envolvimento, das pessoas.
Meu sentimento hoje pela minha profissão é de uma profunda ternura e um grande respeito.
Que neste Dia do Farmacêutico, todos nós, colegas, possamos nos sentir felizes e realizados!
Um forte abraço!
Feliz Dia do Farmacêutico!

A vitória do desespero

Enviei esta crônica aos meus amigos e a alguns políticos, por e-mail, no dia 24/10/2005, logo após o referendo sobre a proibição da venda das armas de fogo.

A vitória do desespero

A vitória do NÃO no referendo das armas é a vitória do desespero sobre a confiança de um povo no seu governo. É a vitória da certeza de que estamos desprotegidos sobre o pressuposto lógico de que o poder público deveria estar cuidando da nossa segurança.
Eu votei Não. Mas eu não sou uma assassina. Eu não quero que crianças morram porque seus coleguinhas levaram escondidas para a escola as armas que seus pais deixaram ao seu alcance. Eu também não quero que algum marido ciumento saia disparando tiros pela rua porque sonhou que a mulher o estava traindo com um vizinho. Muito menos ainda, desejo que um irmão atire no outro, no meio de uma brincadeira perigosa. Eu nem ao menos tenho uma arma, nem desejo comprar uma.
As pessoas que votaram Não o fizeram porque estão com medo, assustadas com a crescente violência, o número aterrador de assaltos, de estupros, o tráfico de drogas e a impunidade dos verdadeiros bandidos. As pessoas que votaram Não o fizeram como um clamor ao poder público, implorando por mais segurança. Com seu voto, estão gritando: Estou tendo que fazer um trabalho que não deveria ser meu!!!!!! Estou tendo que cuidar da minha segurança quando o Estado deveria cuidar disso!!!!!!!
A opção "Não" poderia ser perfeitamente substituída pela opção "Socorro", porque votando Não, é isso que a população está pedindo: Socorro!!!!
Espero que o governo compreenda essa mensagem. Nunca o aviso sonoro da tecla "Confirma" ecoou tão alto. Precisamos de proteção e queremos que ela venha de quem tem a competência e a OBRIGAÇÃO de cuidar disso.
Que as armas dos cidadãos de bem possam ficar bem guardadas, em caixas no fundo dos armários, como uma relíquia que se tem de um passado já distante, não porque estão proibidas, mas porque são desnecessárias.