quarta-feira, 13 de abril de 2011

A vitória do desespero

Enviei esta crônica aos meus amigos e a alguns políticos, por e-mail, no dia 24/10/2005, logo após o referendo sobre a proibição da venda das armas de fogo.

A vitória do desespero

A vitória do NÃO no referendo das armas é a vitória do desespero sobre a confiança de um povo no seu governo. É a vitória da certeza de que estamos desprotegidos sobre o pressuposto lógico de que o poder público deveria estar cuidando da nossa segurança.
Eu votei Não. Mas eu não sou uma assassina. Eu não quero que crianças morram porque seus coleguinhas levaram escondidas para a escola as armas que seus pais deixaram ao seu alcance. Eu também não quero que algum marido ciumento saia disparando tiros pela rua porque sonhou que a mulher o estava traindo com um vizinho. Muito menos ainda, desejo que um irmão atire no outro, no meio de uma brincadeira perigosa. Eu nem ao menos tenho uma arma, nem desejo comprar uma.
As pessoas que votaram Não o fizeram porque estão com medo, assustadas com a crescente violência, o número aterrador de assaltos, de estupros, o tráfico de drogas e a impunidade dos verdadeiros bandidos. As pessoas que votaram Não o fizeram como um clamor ao poder público, implorando por mais segurança. Com seu voto, estão gritando: Estou tendo que fazer um trabalho que não deveria ser meu!!!!!! Estou tendo que cuidar da minha segurança quando o Estado deveria cuidar disso!!!!!!!
A opção "Não" poderia ser perfeitamente substituída pela opção "Socorro", porque votando Não, é isso que a população está pedindo: Socorro!!!!
Espero que o governo compreenda essa mensagem. Nunca o aviso sonoro da tecla "Confirma" ecoou tão alto. Precisamos de proteção e queremos que ela venha de quem tem a competência e a OBRIGAÇÃO de cuidar disso.
Que as armas dos cidadãos de bem possam ficar bem guardadas, em caixas no fundo dos armários, como uma relíquia que se tem de um passado já distante, não porque estão proibidas, mas porque são desnecessárias.

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