quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mãe? Eu?

Tenho uma filha de 4 anos. Não imaginava que eu pudesse me sair tão bem.

Mãe? Eu?

Sempre tive medo da maternidade. Medo de perder a liberdade, medo de não dar conta, medo da dor do parto, sei lá eu quantos outros medos.
Mãe? Eu? Fugi o quanto pude. Terminei o primeiro casamento sem um filho e com o fardo de não ter dado um neto ao sogro, que faleceu. Anos depois, novo casamento, e com ele os medos novamente.
Não queria ser mãe. Simples assim. Algumas amigas chegaram a dizer que eu tinha algum problema, deveria me tratar. Como assim não quer ser mãe? Meu livre direito de escolher meu destino era uma doença a ser tratada!
Foram longos anos convivendo com o medo de um lado e o preconceito do outro. Século vinte e um! Não podia não querer ser mãe, porque sou mulher e porque mulheres foram feitas para isso.
Um dia, depois de um ano e meio do segundo casamento, eu quis. Simples assim. De repente. “Agora eu quero ser mãe”. O mesmo direito que me assistia ao não desejar um filho, me amparou na mudança de ideia.
Eu quis e fiz. Parei com a pílula e dois meses depois estava grávida. A aventura mais fantástica da minha vida!
Descobri um sem fim de aptidões e conhecimentos inatos, coisas que nem suspeitava que pudesse ser capaz. Descobri um corpo que eu não desconfiava que tivesse. Uma paciência, uma tolerância e uma resistência que até então não combinavam em nada comigo.
Meu corpo grávido mudou minha percepção de mim mesma. Aprendi a me olhar com carinho e a respeitar meus limites. E, acima de qualquer coisa, aprendi a esperar. Esperar o dia da consulta, o dia da ecografia, esperar passar a náusea, esperar diminuírem as contrações antes de sair para o trabalho, esperar passar a dor nas pernas antes de continuar subindo as escadas, esperar a hora de parir.
Aos poucos, fui percebendo que meu medo de ser mãe era, na verdade, o medo de não reconhecer essa nova pessoa que a gravidez me revelou, o medo de não conseguir abrir mão dos meus defeitos.
Meu medo de ser mãe não era por causa do nascimento de um filho, mas sim pelo meu próprio nascimento, porque não haveria como passar por tudo isso sem que eu nascesse novamente.
Nasci de novo. Gostei do que vi. Mãe? Eu? É claro que sim!

Um comentário:

  1. Mãe?? É claro!!!
    Amei o texto!!
    Que bom que todo aquele medo passou e que a luz da tua filha linda ilumina toda a escuridão, anestesia toda a dor e alegra toda a alma!
    Beijo
    Gabi

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