domingo, 15 de maio de 2011

A pedagogia da derrota

Minha filha, assim como eu, é gremista. Hoje, perdemos o Gauchão. Mas ganhamos outras coisas.

Somos gremistas, eu e meu marido. Resolvemos que não iríamos forçar nossa filha a torcer pelo nosso time. Ela deveria escolher. Num período em que o arqui-rival Internacional estava em alta, pelo campeonato mundial em 2006 e pela possibilidade do bi em 2010, coincidindo com uma fase pouco produtiva do Grêmio, seria fácil ser seduzida pelo colorado, ainda mais com a torcida dos tios ao redor.
Mas, para minha alegria, e mais ainda do papai, ela resolveu ser gremista.
No início deste ano, fomos ao estádio Olímpico, nós três e o meu pai, assistir ao jogo Grêmio x Ypiranga (de Erechim), pelo campeonato gaúcho. Foi uma lavada: 5 x 0 para o Grêmio!
Antes de começar o jogo, ao tocar o hino do nosso time, ela chorou. Olhou pra mim e disse “Mamãe, eu tô emocionada!”. Agora estava decidido: eu tenho uma filha gremista!
Se assustou um pouco com a gritaria da torcida nos primeiros gols, mas depois já estava fascinada com aquela grande festa. Fomos ver o goleiro Victor de perto. Adorou as bandeiras, as cores, a cantoria da torcida.
Depois disso, a cada objeto a ser comprado, uma grande dúvida: “Quero rosa, que eu sou menina.” ou “Quero azul, que eu sou gremista.”? Doces dilemas a serem resolvidos!
Hoje, 15 de maio, na grande final do Gauchão, que não poderia ser mais emocionante, decidida num Gre-Nal, o Grêmio perdeu. Tudo foi muito equilibrado, mas perdeu nos pênaltis.
A decepção da pequena era evidente. Chegou a dizer que nem queria mais ser gremista. Hora da pedagogia da derrota entrar em campo. Vencer é bom, mas às vezes perder é mais pedagógico.
Que lições oferecer a uma menina de quatro anos que viu seu time perder? A primeira delas é a lealdade. Não se troca de time porque ele perdeu. O hino do Grêmio é uma aula de lealdade: “Até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos com o Grêmio onde o Grêmio estiver”. O que pode ser mais leal do que isto?
A outra, mais óbvia, é aprender a lidar com a frustração. Não dá pra ganhar sempre, não dá pra ter tudo na vida, haverão dias de vitória e dias de derrota e o aprendizado deve acompanhar cada um deles.
Dá para aproveitar e usar o momento para ensinar sobre gentileza, cordialidade, fair play, na linguagem do esporte. Pedi que parabenizasse o tio colorado, o que ela fez tranquilamente: “Parabéns, dindo, porque o seu time ganhou. Que bom pra vocês!”.
Hoje senti muito orgulho! Do time, um pouco menos, mas da filha, um transbordamento! Ela aprendeu a lição de hoje!

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